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sábado, 19 de março de 2016

[RESENHA] A Viuvinha, José de Alencar

Por Amanda Medeiros


E em clima de clássicos, hoje é o dia de falar de um livro que muita gente não dá muita importância, mas que foi um dos primeiros livros a serem publicados em forma de folhetim: A viuvinha.

Como muitos já sabem, José de Alencar foi um importantíssimo autor do período denominado como Romantismo. Com o surgimento da imprensa, José de Alencar foi um dos primeiros autores a escrever romances de folhetim, que por sua vez trouxe maior acesso da literatura à população em geral, lembrando que até então, tinham acesso à literatura apenas as pessoas de posses que tinham condições de estudar e comprar livros que eram caríssimos. A imprensa facilitou o acesso à leitura e viralizou os romances de folhetim, transformando José de Alencar em uma verdadeira celebridade na época. 

A viuvinha
Sinopse: Na obra de José de Alencar, "A Viuvinha",publicado em 1860, Jorge e Carolina são os protagonistas. Nunca se viu um casal tão apaixonado. Todas as noites, o namoro puro, cheio de encanto e doçura. E afinal o casamento, que deveria durar para sempre. Mas Jorge, sem saber, precisava acertar velhas contas, e a morte o seu preço. A única esperança é que tudo fosse apenas um conto de fadas, onde o amor é tão grande que a morte fica pequena.




Esta resenha contém spoiller da obra. O Romance A viuvinha é um romance urbano que retrata os costumes da sociedade carioca do Segundo Reinado. O casamento era algo muito importante na época e por este motivo ele é o enfoque do livro. Jorge, um rapaz muito bem apessoado, apaixona-se por Carolina e juntos vivem um romance que resulta em casamento. O que Carolina não sabia é que Jorge havia gasto todo o dinheiro que herdara de seu pai e por este motivo não se achava digno de viver com a esposa em meio à pobreza. Jorge então forja a sua morte assim que se casa e resolve pagar todas as suas dívidas para somente então voltar para sua amada. 

Como vemos, na época o casamento era algo muito importante e a mulher vivia para casar e cuidar de seu marido. Quando Carolina pensa que seu marido tenha morrido sem nem ao menos terem a lua de mel tão esperada, Carolina se vê obrigada, pelos costumes da sociedade a mudar todas as suas vestes que até então eram das mais variadas cores, por vestidos pretos, indicando que ela estaria viúva.

Por anos Carolina permanece vestindo preto e sem se importar com o tempo em que estivera de luto. Carolina amava Jorge e nunca mais abriria seu coração novamente até que uma pessoa surge em sua janela e para a sua surpresa era Jorge que ela descobira não ter morrido. Tamanha é a alegria de Carolina que ela não se importa ter ficado só durante todos esses anos e aceita o marido novamente.

Neste romance, percebemos a submissão da mulher ao homem e aos costumes. A protagonista deveria vestir preto para mostrar à sociedade que ela estaria de luto, deveria aceitar o marido sem questioná-lo por suas mentiras. Uma mulher totalmente sem poder de decisão, fraca, totalmente oposta de outras mulheres descritas por Alencar. Contudo, esses eram os costumes, e quando falamos em Romantismo, notamos que o autor apenas romantiza os costumes da sociedade e não os critica. 

Também nota-se que ter posses e honrar com as dívidas era mais importante ao homem do que um casamento. Jorge não voltou para sua esposa enquanto não limpou o seu nome e o nome de seu pai, pagando todas as dívidas e conseguindo algum dinheiro para se manter, Jorge volta para a esposa, certo de que ela o estaria esperando e assim vivem felizes no casamento.

Neste livro, observa-se que o conflito foi resolvido e a morte, muito presente neste período, foi apenas um engano, permitindo ao casal manter a sua felicidade. Este, não é o melhor livro descrito por Alencar, até mesmo pelas faltas de metáforas, comparações e críticas, porém, não podemos deixar lembrar que este foi o terceiro livro deste autor e que muitas de suas obras foram essenciais para o período. Uma leitura rápida e fácil, vale a pena experimentar a leitura!



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